Por Projeto Antígona

Num país como o Brasil onde, em 2019, as taxas de feminicídio aumentaram 76% no primeiro trimestre, ações sociais em prol da questão de gênero são essenciais. Foi num cenário como esse, em que a mulher se encontra numa posição ameaçada e desvalorizada devido à cultura patriarcal machista, que o “Projeto Antígona, Mulheres no Poder” surgiu. Era final de 2018, século XXI. E os avanços feministas até aqui são inquestionáveis. Direito ao estudo. Direito ao voto. Direito ao trabalho. Direito de pertencer a si mesma. Direito à vida. Esses e muitos outros são benefícios que nós, mulheres, gozamos devido à luta de nossas antepassadas.

Entretanto, ao mesmo tempo, duas amigas, as fundadoras do Projeto Antígona, pararam para analisar o lugar em que a mulher se encontra na sociedade. No mundo, somos pouco menos do que 50%. No Brasil, somos 51,7%. Somos a maioria, mas onde estamos, de fato? Não estamos no mercado de trabalho, muito menos em cargos de confiança. Não estamos na política, muito menos em cargos de confiança. Não estamos, não estamos e não estamos… Quer dizer, estamos! Mas nossa presença ainda é muito pequena, ínfima. E a mulher negra? E a mulher trans? E a mulher lésbica? Ah, essas praticamente lutam todos os dias para estar onde estão.

A partir disso, o Projeto Antígona foi moldado a fim de empoderar jovens meninas e mulheres de regiões carentes na cidade de São Paulo com o objetivo de ser um canal de oportunidades para nossas participantes. Atualmente, acolhemos jovens de 14 a 21 anos e promovemos encontros, discussões, rodas de conversa e visitas a espaços de poder, sempre evidenciando a necessidade de ocupar espaços onde as mulheres têm, historicamente, um papel secundário. Queremos, assim, colocá-las em contato com o feminismo, o empoderamento, a pluralidade, a sororidade e a empatia, palavras-chave para o movimento feminista nos dias atuais. Para além da conscientização, capacitamos nossas participantes para atuarem de maneira ímpar e notória em quaisquer áreas desejadas, sempre garantindo que seus espaços não lhes sejam tirados. Como exemplo dessas ações, em nosso último encontro, elaboramos uma roda de conversa sobre mulheres no mercado de trabalho onde discutimos diversos assuntos, desde oportunidades até o dia-a-dia, tratando das dificuldades encontradas pelo gênero nesse ambiente. Assédio e insegurança foram alguns dos casos citados que evidenciaram a importância do posicionamento da mulher. O Projeto Antígona é contra todo e qualquer tipo de violência contra a mulher, seja ela física ou psicológica. Através do projeto, conscientizamos nossas participantes sobre o ser mulher e acreditamos que com autoconsciência, conhecimento e voz ativa nossas Antígonas saberão respeitar seus limites, identificar ameaças aos seus espaços e lutar para que seus direitos sejam respeitados. Além do apoio mútuo, compartilhamos momentos e situações nas quais sofremos, aprendemos e crescemos, reiterando o lema de que juntas somos mais fortes. A violência contra a mulher precisa acabar e a sociedade precisa entender que #mexeucomumamexeucomtodas.