Obrigada, mulheres! – Carta de uma jovem feminista de 12 anos às brasileiras | #AgoraÉQueSãoElas

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por Viola Corullon*

 

O feminismo está potente. Atingindo e conquistando seu território, onde antes não era permitido. Somos tantas discutindo, entendendo e fazendo disso nossa vida. Há mulheres de todas as idades encarando a luta com força. E nós meninas, o que temos pra contar?

Eu tenho 12 anos e vejo minha escola repleta de jovens feministas. Entre minhas amigas tem muita conversa e as discussões têm vários lados. Trocamos ideias e nos manifestamos, nas ruas e nas redes. Olho ao redor e vejo vários grupos de meninas comentando sobre o mesmo assunto.

É com muita força que posso afirmar que minha geração é repleta de feministas. Desde os 10 anos, eu tenho descoberto sobre isso, e vejo por aí meninas de 9 anos com ideias, conhecimento. Isso vem de tantas fontes, referências, tantas mulheres com exemplos para partilhar.

Aprendemos nos núcleos de conversa, nos atos, na rede – são tantos lugares para aprender! Hoje nós temos chance de tornarmos nosso futuro melhor, então por que não agora, quando ainda somos meninas? Agora sim! Temos que nos preparar desde cedo!

Todas nós estamos na luta, todas, sim; todas já sofremos alguma situação machista. Desde o clássico “menina é fraca, não sabe jogar” (nossa, se eu tivesse nove anos de novo, esses moleques..). Até os xingamentos e  situações mais abusivas.

Hoje em dia é muito mais comum você ver as meninas se defendendo, quando há pouco tempo  éramos caladas. Temos poder e força suficiente para cuidar de nós mesmas. Mas sempre tem uma amiga junto, é uma luta no plural, sempre se ajudando e defendendo.

Chegou a um ponto em que chorar no banheiro com as amigas já não é opção. A única opção possível é se defender, você por você e por sua amiga.

É por isso que está funcionando. Porque a gente aprendeu que a nossa voz é potente, e que a gente pode sim nos defender, e pode sim defender a si e as outras.

Atualmente há vários amigos que entendem o que é feminismo, e alguns apoiam a causa, e dizem que é a nossa hora de ter voz.

E a gente recebe muito bem, tanto que, às vezes, tais pensamentos foram criados graças a uma amiga, que um tempo atrás foi e falou:

“Ei, só por que eu sou menina? Para de fazer isso, é errado, eu tenho os mesmos direitos que você. Esse seu comportamento machista não me agrada, eu mereço tudo tanto quanto você, me respeita.”

E não só os amigos, mas graças a tantas influências de tantos lugares e fontes, a gente começou a desenvolver pensamentos, a pensar sobre o que esses xingamentos significam, porque eu me sinto tão desrespeitada,  e qual a necessidade de querer ter um corpo mais bonito e tantas outras coisas.

Fomos aprendendo que esse preconceito com as meninas era chamado de Machismo, e aprendemos que a luta contra esse preconceito é o Feminismo.

Não são todas por aí que sabem essas palavras, mas há muitas que mesmo sem saber sentem a presença do machismo, e usam o feminismo contra ele.

O feminismo virou liberdade e orgulho de ser quem você é e se aceitar e se gostar. E isso é tão bom de saber. Somos feministas, e defendemos nosso lugar! Queremos ser como vocês, adultas!

O que nos faz seguir essa luta com tanta força são todas vocês, mulheres brasileiras, exemplos de luta em nosso país. E ouvir que uma dessas fortes guerreiras foi assassinada é muito horrível. A sensação que tive, foi de medo, medo de ser alguém que tem tanta força, tanta potência, e ser tão violentada. Marielle era mais uma inspiração, e sua morte foi muito intensa! Como podemos nos sentir livres e respeitadas para seguir essa luta, se vozes estão sendo caladas?! Dá medo de estar nesse país, em que mulheres lindas, poderosas e incríveis estão sendo caladas. Mas a gente não vai parar jamais! Por Marielle e por nós. Ela será sempre mais um motivo pra gente continuar! E se defender, e mostrar pra eles que somos só força! Marielle é semente que vai florescer cada vez mais força!

Só temos a agradecer a vocês mulheres dessa geração que tão fazendo tanto por todas, e tanto pela gente. Nossa, não tem comparação, essa luta está nos ensinando a nos defender, e a nos amar, e no futuro termos um mundo muito mais justo. Obrigada mulheres!

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*Violeta Corullon é estudante